Citation:
22_eloa_reis_teixeira_mulheres_ser_estar_e_permanecer_nas_minas_gerais_em_um_brasil0ade_imperios.pdf | 463 KB |
Abstract:
Pensar Minas Gerais é pensar um espaço construído e particularizado, que tem um povo com identidade cultural, sentimentos de pertencimento neste território que se consolida a partir de sua construção geopolítica delimitada e definida, concretizada no século XIX, produzida por processos sociais no decorrer dos anos. Estes processos sociais que se firmaram nas Minas Gerais proporcionaram um universo de particularidades no qualsobrevivência das mulheres transcorre sob um quadro de tensões políticas e de pressão da cultura dominante. Elas foram alvo direto de repressão – como no caso de negras de tabuleiro, prostitutas, forras, escravas e concubinas – ou tornaram-se agentes sociais que serviam ao modelo oficial: mulheres burguesas e elitizadas, esposas, mães e devotas. Nesse cenário, viveram mulheres que enfrentaram situações diversas em que se misturavam miséria, pobreza, violência, preconceitos e dificuldades. Estas mulheres foram marcadas pelos valores patriarcais e avaliadas pelos princípios da religião cristã, ficando à mercê do estigma da fragilidade e da incompetência, sendo subordinadas aos pais e maridos, tornando-se propriedade dos mesmos. Este texto pretende analisar esta lógica de funcionamento da sociedade que fundamentava-se em calar a mulher e abortar seu papel como agente histórico através do poder patriarcal definido pelo autoritarismo e transmissor da herança culturalmaterial, que juntamente com os dogmas da religião cristã ditaram as regras do ``bom comportamento`` a toda uma sociedade marcada pela hierarquização de poderes, vontadesdesejos desprovendo as mulheres de seus sonhos e de acreditarem ser capazes.